Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus”
̴ Rm 6.11 ̴
É verdade que, ao sair do Batismo, uma pessoa é pura e sem pecado. Mas muitos não entendem isso corretamente. Acreditam que não existe mais pecado algum e então ficam preguiçosos e negligentes em mortificar a natureza pecaminosa. Por isso deve-se entender isso corretamente e saber que a nossa carne, enquanto viver nesta terra, é por natureza má e pecaminosa. Para fazer frente a isso, Deus arquitetou um plano: quer recriá-la totalmente. É o que Jeremias 18.4ss anuncia: “Quando o vaso não lhe saiu bem, o oleiro jogou-o novamente ao monte de barro, amassou-o e fez então um outro vaso de seu agrado. Assim [diz Deus] são vocês na minha mão”. Em nosso primeiro nascimento não saímos bem. Por isso, Deus nos joga de volta à terra através da morte e nos recria no último dia, para que então saiamos bem e estejamos sem pecado. Ele dá início a esse plano no Batismo, que significa a morte e a ressurreição no último dia. E por isso, no que diz respeito ao significado ou sinal do sacramento, os pecados já estão mortos com o ser humano, e este já ressuscitou; o sacramento, portanto, já se realizou. Mas a obra do sacramento ainda não se realizou de todo, isto é, a morte e a ressurreição no último dia ainda estão à nossa frente.
Assim, a pessoa está pura e sem culpa de um modo sacramental. Em outras palavras, ela tem o sinal de Deus, o Batismo. Este indica que todos os seus pecados hão de morrer, e que também ela há de morrer na graça e ressuscitar no último dia, para viver eternamente, sem mácula, sem pecado, sem culpa. Portanto, por causa do sacramento é verdade que ela está sem pecado e sem culpa. No entanto, como isso ainda não está consumado e ela ainda vive na carne pecaminosa, ainda não está sem pecado e sem mácula em todos os sentidos.
Martinho Lutero
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