Os queridos anjos fazem uma bela pregação. Vocês procuram Jesus no túmulo, mas ele se tornou um homem bem diferente. Vamos dizer-lhes onde ele se encontra: “Ele ressuscitou dos mortos e não está aqui”. Aqui, isto é, na morte não se deve buscar a Cristo. Para ver, apalpar ou ir ao encontro do Cristo são necessários olhos, mãos e pés diferente. O lugar onde ele estava deitado (diz o anjo) certamente posso mostrar-lhes, mas ele não está mais aqui. Agora, seu nome é: “Ele não está aqui”.
Cristo não está aqui. Logo, o cristão também não deve estar aqui. Por isso pessoa alguma pode enquadrar Cristo ou o cristão num modelo fixo, rígido. Pois é dito: “Ele não está aqui”. Ele deixou para trás cascas, justiça própria, piedade, sabedoria, leis e outras coisas que estão sobre a terra, pois não passam de cascas, e ele jamais voltará a revestir-se de cascas. Por isso o cristão também não pode ser enquadrado nisso aí, na medida em que é cristão. Ao contrário, assim como Cristo está acima de todas as coisas, também o cristão está acima de tudo. Cristo, por seu próprio poder, venceu e deixou para trás todas as coisas. E porque cremos nisso, também nós, a exemplo dele, somos chamados “ele não está aqui”. Como Paulo diz: “Não pensem nas coisas que são aqui da terra; porque vocês já morreram, e a sua vida está oculta juntamente com Cristo”.
Estas são palavras maravilhosas. A vida de vocês está oculta. Nossa vida deve estar acima de toda sabedoria, justiça e piedade humanas. Enquanto se fechar em si mesmo, você não é salvo. Isso significa, então, que nossa vida está escondida muito além do alcance de nossos sentimentos, coração, olhos e sentidos.
Martinho Lutero
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